quarta-feira, 1 de abril de 2009

... Hum ...

Como é possível que a vida me tenha passado tanta rasteira, que me tenha magoado tanto, que se tenha apresentado como esta fonte de tamanhas injustiças???
   Como é possível que eu seja assim, que sonhe assim, que pense assim, que sinta assim??? Como é possível? Como posso eu respirar sem ar, me apaixonar e ficar assim preso a pairar??? Tão abandonado, tão solitário, tão triste numa escuridão que não é minha... Porquê? Que fiz eu? Eu, que sempre amei o mundo, que sempre sonhei e retribuí...
   Já fui tão grande e imenso, agora sinto-me tão pequeno e ínfimo... Já fui rei, agora tornei-me pedinte! Parece que o meu norte não passa do sentido em que a maré me leva...
   Perdido, sou eu assim, louco, sou eu assim... Para o exterior sou o lixo do que realmente sou... Sou grande cem metros de altura mas pequeno e invisível... Adorava não pensar, não sonhar, não sentir! São as pessoas como ela que me dão o choque para vida, mostram-me que já não vivo, apenas existo...
   Adorava que soubessem tudo o que penso, não preciso de esconder, sou puro e quando sinto, sinto!!! Não há nada a esconder, eu sou negro, sou cinza... Nestes tons de cinza sou puro, sou eu, podia mostrar todo este meu escuro que assim mesmo seria uma luz nessa noite em que todos mostrassem os seus tons...
   Sei perfeitamente que estou quebrado, mas não estou enganado, sei o que sou e por que sou! Sei que podia ser mais e melhor, espero vir a ser mais e melhor... Preciso de ajuda, quero ajuda, preciso de ser completado, quero ser completado. Sei que assim a meio não passarei de um potencial inacabado...
   Amo a vida com uma força inacreditável, quase impossível, amo a vida tanto como a odeio!!! Como é possível tudo isto? Já houve dias em que quis morrer sem dúvidas, sem medo e certo de que isso seria o mais correto! No entanto, se existisse palavra mais poderosa que o amor essa seria a que aplicaria para dizer o que sinto pela vida, mesmo com todas as suas ilusões, mesmo com todas as desilusões...
   Na verdade, sinto que ninguém me percebe, tal como ninguém consegue ver o mar em toda a sua imensidão por muito que o olhe em diversos locais e momentos... Preciso de alguém que me abrace como a praia recebe o mar... Ela o recebe o mar, toca o mar, vive do mar, coexiste com ele, adapta-se e adapta de volta, recebe e devolve... Tanto partilham que se confundem com eles mesmos, só existindo em conjunto... Não há praia sem mar, não mar sem praia... Não posso ser o mar não tendo praia... Ninguém me recebe apenas porque é seu destino, apenas porque assim foi dito para ser, ninguém me recebe, ninguém... Poderá ser verdade? Poderei eu ser mais do que penso, tal como penso no menos que sou? Haverá um destino, um caminho já traçado, um plano superior a tudo o que possa conceber agora? Sou quem sou, porque vivi e porque existi, porque penso, sonho e sinto... Sim, estou apaixonado, sem explicação, sem lógica, sem esperança, sem futuro e estou assim... Vivo o momento, serei inocente, respeitarei os mundos que colidem, esperarei que algo se revele sem pressa e sem obrigatoriedade...
   Então, percorri o caminho de casa, estacionei e saí do carro. Decidi não entrar logo em casa, não estava em estado de o fazer, caminhei… Escrevi esta mensagem no telemóvel, enquanto chorava, enquanto andava, enquanto cambaleava… Envio-a agora, para duas pessoas, não porque são as mais importantes, embora importantes, não porque sejam mais, embora sejam muito, não porque não saibam tudo ou mais de mim, embora saibam muito... Envio porque foram elas que se aperceberam, foram elas que falei do último grande evento de mim próprio, envio apenas porque foi perto, porque foi com elas que vivi esses momentos e foi nelas que me apoiei…
   Cheguei agora a casa…
   Durmam bem…

   Cumps,
   Quimic

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